CINEMA
Quando se visiona a maior parte das curtas produzidas e realizadas em Portugal (ou por portugueses) de 2004 e 2005 concluem-se várias coisas.
1. Não há grande diferença entre as curtas que receberam 45000 euros do ICAM e as que foram financiadas com o esforço pessoal de uma equipa. E quando existe, pesa, frequentemente, a favor das últimas.
2. Bastava que os responsáveis que decidem a atribuição de um conjunto limitado de apoios vissem os trabalhos anteriores apoiados pelas pessoas que se recandidatam para que tudo fosse diferente. Duvido que, com um mínimo de honestidade, se voltasse a atribuir um subsídio a um realizador/produtor que concluiu (quando concluiu - há DIVERSOS casos de pessoas que financiam filmes mais antigos com o dinheiro do PRÓXIMO subsídio) uma obra sem ponta de argumento, sem trabalho de direcção de actores, sem iluminação que permita vislumbrar os rostos dos referidos anteriormente, com um som cavernoso e não compreensível e, uma duração que ultrapassa de longe tudo o que a paciência humana pode aguentar.
3. O divórcio entre o interesse do público e a produção existente não deriva da "originalidade" das propostas: antes pelo contrário - basta comparar com centenas de outros filmes feitos na Europa, no mesmo período, para se perceber que há uma diferença entre Querer e Poder; entre ser Original e ser Presunçoso. Do meu ponto de vista, o que falta é conhecimento. Técnico: como se filma, como se ilumina, como se monta, como se escreve um argumento. Os nossos realizadores têm um longo caminho pela frente que passa pela modéstia de aprender em vez da arrogância de se queixar e pedir mais.
Concluindo: falta AVALIAÇÃO; que o público veja e vote. Que os júris saibam seleccionar e perceber as dificuldades técnicas e artísticas de um projecto. Mais: ficaríamos todos melhores se os subsídios fossem radicalmente DIMINUÍDOS. Multiplicar o número de projectos apoiados com menos dinheiro. Para fazer o que eu vi... meus amigos, deveria ser obrigatório PAGAR.
ps: nas Longas, a coisa não é melhor. Mas aí, o jogo de interesses é outro. E a conversa também terá de ser outra.
ps2: agradeço antecipadamente as contribuições úteis a esta discussão. Repito: as úteis.
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